O Sinal dos Quatro - Cap. 12: 12 - A Estranha História de Jonathan Small Pág. 113 / 133

Durante duas noites fiz a guarda com os meus nativos. Eram tipos altos, com ar feroz, chamados Mahomet Singh e Abdullah Khan, ambos velhos combatentes que tinham pegado em armas contra nós em Chilian Wallah. Sabiam inglês bastante bem, mas pouco falavam comigo. Preferiam ficar juntos e tagarelar toda a noite na sua língua sikh. Eu costumava ficar do lado de fora da porta, a olhar para o rio que serpenteava lá 'em baixo e para as luzes trémulas da grande cidade. O rufar dos tambores, o ressoar dos gongos, os gritos e uivos dos rebeldes, bêbedos com ópio e barulho, eram o suficiente para nos lembrar durante toda a noite dos nossos perigosos vizinhos do outro lado do rio. De duas em duas horas, o oficial da noite costumava fazer uma ronda por todos os postos para verificar se estava tudo em ordem.

»Na minha terceira noite de sentinela estava escuro e caía uma chuva miudinha. Era muito aborrecido estar ali no portão com aquele tempo, uma série de horas. Fiz várias tentativas para que os sikhs falassem comigo, mas não consegui. Às duas da manhã passou a ronda e quebrou por um momento a monotonia da noite. Vendo que os meus companheiros não queriam conversar, tirei o cachimbo e pousei o mosquete para acender um fósforo. Num instante, os dois sikhs atiraram-se a mim. Um deles pegou na arma e apontou-a à minha cabeça, enquanto o outro encostava uma grande faca à minha garganta e jurava entre dentes que a cortaria se eu desse um passo.

»O meu primeiro pensamento foi que aqueles tipos estavam combinados com os rebeldes e que aquilo era o começo de um assalto. Se a porta que guardávamos caísse na mão dos hindus, o forte seria tomado e as mulheres e as crianças tratadas como em Cawnpore.





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