O Sinal dos Quatro - Cap. 12: 12 - A Estranha História de Jonathan Small Pág. 114 / 133

Talvez os cavalheiros pensem que estou a mentir, mas dou-lhes a minha palavra que, quando pensei naquilo e embora sentisse a ponta da faca na garganta, abri a boca para dar um grito, nem que fosse o último, que servisse de aviso para a guarda principal. O homem que me segurava pareceu ler os meus pensamentos, pois, quando eu ia a gritar, murmurou: «Não faça barulho. O forte está em segurança. Não há rebeldes deste lado do rio. Parecia estar a falar verdade, e eu sabia que, se levantasse a voz, era um homem morto. Estava escrito nos olhos castanhos daquele tipo. Esperei, portanto, em silêncio, para saber que queriam eles de mim.

»«Ouça bem, sahib», disse o mais alto e violento dos dois, o que se chamava Abdullah Khan. «Ou fica do nosso lado ou temos de o silenciar para sempre. A coisa é muito importante para hesitarmos. Ou se põe de alma e coração do nosso lado, jurando pela cruz dos cristãos, ou o seu corpo vai parar esta noite ao rio, e nós passamo-nos para o lado dos nossos irmãos do exército rebelde. Não há outra escolha. Que prefere, a vida ou a morte? Só lhe damos três minutos para decidir, porque o tempo vai passando e tudo tem de ser feito antes que volte a ronda.»

»«Como posso decidir?», disse eu. «Ainda não me disseram que querem de mim. Mas se é alguma coisa contra a segurança do forte não contem comigo. Podem matar-me à vontade.»

»«Não é nada contra o forte», respondeu ele. «Só lhe pedimos para fazer o mesmo que os seus compatriotas, ao virem para este país. Pedimos-lhe para se tornar rico. Se vier connosco esta noite, juramos-lhe, pelos três votos que nenhum sikh alguma vez quebrou, que terá a sua justa parte do saque. Um quarto do tesouro será seu. Não poderia ser mais justo.»

»«Mas que tesouro é esse?», perguntei. «Quero ficar rico, tal como vocês, mas têm de me mostrar como isso é possível.»





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