Continuava a receber notícias de Pondicherry Lodge, mas durante anos nem sequer houve quaisquer notícias que interessassem, excepto que continuavam à procura do tesouro. Por fim, aconteceu o que há muito esperávamos. O tesouro fora encontrado. Estava por cima do laboratório de química do Sr. Bartholomew Sholto. Fui logo para lá e observei o local, mas não descobri como podia, com a minha perna de pau, subir tão alto. Soube, porém, da existência de um alçapão no telhado e, também, a que horas o Sr. Sholto jantava. Pareceu-me que podia fazer facilmente a coisa com a ajuda de Tonga. Enrolei-lhe uma comprida corda à volta da cintura e trouxe-o comigo. Trepava como um gato e depressa chegou ao telhado, mas, por azar, Bartholomew Sholto estava ainda na sala. Tonga pensou' que tinha sido muito esperto ao matá-lo, pois quando entrei, depois de subir pela corda, encontrei-o a pavonear-se de orgulho. Ficou muito surpreendido quando lhe bati com a ponta da corda e lhe chamei diabinho sanguinário. Peguei no cofre com o tesouro, desci-o pela janela e depois saí eu, tendo deixado o sinal dos quatro em cima da mesa para mostrar que as jóias, finalmente, estavam nas mãos daqueles que mais tinham direito a elas. Tonga, então, puxou a corda para cima, fechou a janela e saiu por onde entrara.
»Acho que não tenho mais nada para vos dizer. Ouvira um marinheiro falar da velocidade da Aurora, por isso pensei que seria uma boa lancha para fugirmos. Contratei o velho Smith, prometendo-lhe uma grande quantia se ele nos pusesse a salvo no navio. Ele sabia, sem dúvida, que havia ali qualquer negócio escuro, mas não conhecia o nosso segredo. Tudo isto é verdade e, se o disse aos senhores, não foi para se divertirem, pois não me fizeram nada de bom, mas porque acho que a melhor defesa para mim é não esconder nada.