O Sinal dos Quatro - Cap. 5: 5 - A Tragédia de Pondicherry Lodge Pág. 39 / 133

Posteriormente achei isso maravilhoso, mas naquele momento parecia a coisa mais natural do mundo protegê-la, e, como muitas vezes depois me disse, ela sentia o mesmo impulso para procurar em mim consolo e protecção. Ficámos de mãos dadas como duas crianças. Havia paz nos nossos corações apesar de todas as coisas sombrias que nos rodeavam.

- Que lugar estranho! - exclamou ela, olhando em volta.

- Parece que largaram aqui todas as toupeiras de Inglaterra. Já vi uma coisa parecida na encosta de um monte perto de Ballarat, onde os prospectores tinham andado a trabalhar.

- E pelo mesmo motivo - disse Holmes. - Isto são vestígios dos pesquisadores do tesouro. Lembre-se que andaram seis anos à procura. Não admira que o terreno pareça uma saibreira.

Naquele instante a porta da casa abriu-se repentinamente. Thaddeus Sholto saiu a correr com as mãos estendidas para a frente e um olhar aterrorizado.

- Há qualquer coisa de errado com Bartholomew! - gritava. - Estou assustado! Os meus nervos não aguentam.

Estava, de facto, quase a chorar de medo. O seu rosto inquieto e frágil, saindo da gola de astracã, tinha a expressão suplicante e impotente de uma criança aterrorizada.

- Vamos entrar - disse Holmes com a sua habitual firmeza.

- Sim, vamos! - suplicou Thaddeus Sholto. - Não me sinto em condições de dar ordens.

Seguimo-lo até ao quarto da governanta que ficava do lado esquerdo do corredor. A velha mulher andava de um lado para o outro com um olhar assustado e gestos nervosos, mas o facto de ver a Menina Morstan pareceu tê-la acalmado.

- Deus seja louvado por este rosto calmo e doce! - exclamou, soluçando histericamente. - Faz-me bem olhar para si. Oh, tive hoje um dia tão difícil!





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