Camões - Cap. 9: CANTO NONO Pág. 147 / 177

Mas não faltam

Ao pé do sólio nunca - inda mal! nunca -

Peitos vis, corações à glória alheios.

Por esses lavrou logo a inveja, o ódio

Ao cantor dos Lusíadas: não sofre

Vício e ignorância que virtude e mérito

Apreciados sejam, conhecidos.

Fingem no entanto, que fingir é arte

Máxima de palácios...

II

- «Folguei muito»

Dizia o rei, e o gesto abraseado

A verdade do dito afiançava:

«Folguei de ouvir-vos; nunca tal virtude

Em versos cri para exaltar o ânimo

Ao sublime entusiasmo da virtude,

Aos feitos grandes. Sinto que me bate

Com mais vigor o coração no peito.

Alma terá pequena e bem mesquinha

O português que não mover tal canto.»

Assim dizia o rei: caminho vinham

Dos paços, despediu-se o heróico vate;

E o mancebo real: - «Voltai a ver-me,

E vos farei mercê, como é devido.





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