IX
Do Lusitano ao descorado gesto
Esvaecido rubor assoma, - e foge,
Qual foge aos olhos o lampejo rápido
Da trovoada longínqua. - Um tanto a face
Descaiu sobre o peito amargurado,
E com voz, firme não, porém serena,
Disse: - «Luís de Camões tinha um amigo
Único só na terra. - Não te escondas,
Meu fiel companheiro: um feito honrado,
Generoso te peja? - O pobre António
Foi até aqui, senhor, o único vivo,
Único ser na face do universo
Em quem meu coração achou abrigo.»
X
Pelas faces do escravo, baga a baga,
Enternecidas lágrimas caíam,
E peito sufocado comprimia
A custo grande o soluçar que o arfava.
Não pode mais: aos pés se deita do amo,
E sem conter o choro:
- «Oh! não me digas
Não me digas, senhor, que sou amigo.»
- «Não o diga! Porquê?»
- «Porque isso parte
O coração do escravo.