Ecce Homo - Cap. 4: Porque escrevo tão bons livros Pág. 43 / 115

Esta é a minha experiência constante e claro sinal da originalidade da minha experiência. Aquele que supõe ter entendido alguma coisa de mim, formou a meu respeito uma ideia que corresponde à Sua fantasia; com frequência se Imaginou que eu sou todo o contrário do que na realidade sou, por exemplo «um idealista»; o que não entendeu nada do que digo, nega que eu deva ser tomado em consideração.

A palavra «super-homem» para designar um tipo de suprema perfeição em contraste com homens «modernos» com homens «bons» com cristãos e demais nihilistas; uma palavra que, na boca de Zaratustra, aniquilador da moral, dá muito que pensar, foi quase só entendida, por todos os lados, com suma ingenuidade, no sentido daqueles valores cujo contrário foi justamente revelado na figura de Zaratustra: isto é, como tipo «idealístico» de uma espécie superior de homens meio santos meio génios. Alguns outros doutos animais carnudos, por causa dessa palavra, capitularam-me de darwinista. E chegou-se mesmo a pensar no «culto dos heróis» - tão maliciosamente refutado por mim próprio - daquele grande moedeiro falso em matéria de saber e de vontade, Carlyle: o mesmo a quem sugeri a ideia de que teria feito melhor em ocupar-se de César Bórgia do que de Parsifal, e não deu crédito aos seus ouvidos.

Que eu não seja curioso da crítica feita aos meus livros, em especial a jornalística - deve ser-me perdoado. Os meus amigos e os meus editores sabem-no e nunca de tal me falam. Houve um caso em que me foi dado ter notícia de todos os erros cometidos a propósito de um só dos meus livros, era o Para além do Bem e do Mal; dar-me-iam bem bonito rol! Acreditar-se-á que a Nationalzeitung, diário prussiano - anoto para os meus leitores estrangeiros,





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