Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: Crepúsculo dos ídolos

Página 95
Crepúsculo dos ídolos

Gomo se filosofa às marteladas

1

Este escrito, que não alcança as cento e cinquenta páginas, de tom sereno e fatal, como um demónio escarninho, obra de tão poucos dias que não me atrevo a dizer quantos, representa, entre os livros em geral, uma excepção: nada mais seguro, mais autónomo, mais revolucionário - e mais maldoso. Se se pretende formar rapidamente ideia de como até mim tudo estava de pernas para o ar, deve começar-se por ler esta obra. O que no frontispício chamei «ídolo», é precisamente o que até agora se chamou Verdade. «Crepúsculo dos ídolos» significa: estamos no fim das velhas verdades.

2

Não há «realidade», não há «idealidade» que neste livro não seja aflorada (aflorada: que eufemismo tão circunspecto!). Não só os ídolos eternos, como também outros mais recentes, e por conseguinte, mais senis.

A «ideia moderna», por exemplo, uma ventania sopra através das árvores, e os frutos, por todos os lados, caem ao chão - frutos que são verdades.

Há neste livro a exuberância de um fecundo Outono.

Tropeça-se nas verdades; algumas chegam a ser pisadas, pois há tantas!... Aquilo, porém, que colhemos não são já frutos problemáticos, são frutos autênticos. Só eu tenho na mão o metro para as verdades, só eu posso julgá-las. E é como se outra forma de consciência tivesse surgido, como Se «a vontade» tivesse acendido em mim uma luz no caminho em declive; pelo qual até hoje se viera descendo sempre... Ao caminho em declive - chamavam os homens «Caminho da verdade»... Estamos no fim do «impulso obscuro», o homem bom era precisamente o que menos consciência tinha do bom caminho... E, isto muito a sério, ninguém conhecia antes de mim o bom caminho o caminho das alturas: só desde agora há renovadas esperanças e tarefas, novos caminhos para a cultura, cujo sulco está já traçado.

<< Página Anterior

pág. 95 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro Ecce Homo
Páginas: 115
Página atual: 95

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
INTRODUÇAO 1
Porque sou tão sábio 5
Porque sou tão sagaz 20
Porque escrevo tão bons livros 41
A Origem da Tragédia 52
Considerações intempestivas 58
Humano, demasiado Humano 64
Aurora 71
O Alegre Saber 75
Assim falou Zaratustra 76
Para além do Bem e do Mal 91
Genealogia da moral 93
Crepúsculo dos ídolos 95
O caso Wagner 98
Por que sou uma fatalidade 106