Poole bateu com os pés nas lajes do corredor.
- Deve estar enterrado aqui - disse, apurando o ouvido.
- Ou então, pode ter fugido - sugeriu Utterson, voltando a examinar a porta que dava para a viela.
Estava trancada. Ali perto, sobre uma laje, encontraram a chave, já manchada pela ferrugem.
- Não parece ter muito uso - observou o advogado.
- Uso! - ecoou Poole. - Não vê que está partida, como se a tivessem espezinhado?
- Pois é - prosseguiu Utterson -, e as fracturas também estão ferrugentas.
Os dois homens entreolharam-se assustados.
- Isto já me ultrapassa, Poole - disse o advogado. - Voltemos ao gabinete.
Subiram as escadas em silêncio e começaram a examinar minuciosamente o aposento, não sem antes terem lançado um olhar ocasional ao cadáver. Numa das mesas, havia vestígios de operações químicas, várias doses de uma espécie de sal branco dispostas em pires de vidro, como se fizessem parte de uma experiência que o desgraçado fora impedido de concluir.
- Essa é a mesma droga que eu estava permanentemente a adquirir para ele - disse Poole; e, enquanto falava, a chaleira emitiu um ruído ensurdecedor e começou a transbordar.