Camões - Cap. 6: CANTO SEXTO Pág. 103 / 177

E em virtudes e letras ilustrados

Cavalheiros da corte. Não se atreve,

Conquanto o desejara, o rei mancebo

A afastar de seu lado este severo

Amigo, que as verdades lhe não doira,

Nem de lisonja vil empana o lustre

Que em suas rectas palavras pôs justiça.

Erros fatais, iníquos procederes,

Feios labéus de púrpura - oh! e quantos

Tem prevenido o velho! Quantas vezes

Diante dessa honrada singeleza

Tem recuado a intriga, - e despeitosa

Curvado a prepotência a cerviz dura!

Os validos, que o temem, que o detestam,

Arteiramente vão minando surdos

O favor do monarca mal experto:

Mas não puderam inda. Pura, ingénua

Como a do homem de bem, era de Aleixo

A religião sincera, detestava

A hipocrisia, o orgulho dos ministros

De um Deus todo amor, todo humildade,

Que, sem comentadores, lhe mostravam

O Evangelho e a razão.





Os capítulos deste livro