O Garimpeiro - Cap. 17: XVII – A GRINALDA E O TÚMULO Pág. 143 / 147

- Tem razão de sobra, senhor Major; nem vou contra isso. Então é muito rico esse moço?... quanto possuirá ele pouco mais ou menos?

- Principiou a negociar há pouco tempo, e já possui talvez mais de vinte contos livres. Aqui para o sertão não é mau começo.

- E se esse outro, que também pretende a mão de sua filha, possui tanto ou mais do que isso?

- Embora!... a minha palavra é sagrada; não é motivo bastante para eu faltar a ela.

- Mas, senhor Major, sua filha ainda não deu palavra ao noivo que lhe quer dar. E suponhamos que ela já tivesse hipotecado sua palavra e seu amor a este de quem lhe falo, e que fosse o noivo da escolha de seu coração?

- Ah! nesse caso... eu sei? mas... acabemos com este mistério; quem é esse pretendente?... onde está esse noivo?

- Pergunte- o à sua filha, senhor Major; ela, tanto como eu, lho poderá dizer.

Lúcia corou extraordinariamente e baixou os olhos.

- Ah!... - exclamou o Major como acordando de um sonho, - não é preciso que me digam nada; já o adivinhei!... é o senhor mesmo... mas será possível?

- Sim, senhor Major; o senhor o disse; sou eu mesmo. O que acha nisso de estranho?

- Nada... O que somente me maravilha e não posso conceber é que o senhor, que ainda ontem era tão pobre como eu me vejo agora, pudesse de um dia para outro adquirir uma fortuna...

- Caiu-me do céu, senhor Major; posso assim dizer. E não foi para mim que o céu a enviou, foi para sua filha, que é um dos seus anjos, que o céu a enviou. Era para ela que eu há muitos anos, com esforços e diligências inauditas, a procurava. A caprichosa fortuna de um dia para outro o reduziu à pobreza, quis também de um momento para outro tornar-me rico. Foi uma compensação, senhor; e o céu quer que este pouco que agora a fortuna me concede seja consagrado a tirar da miséria a família a quem ela tão cruelmente despojou.





Os capítulos deste livro