- Senhor Elias, - disse o Major comovido, - desculpe-me... eu tenho sido vítima de tantas decepções, de tantas manifestações neste mundo...
- Compreendo, - atalhou o moço, - duvida ainda do que eu digo. Tem muita razão, senhor Major. Quer uma prova, não é assim! Ei-la aqui.
Dizendo isto, Elias tirou do bolso um pequeno embrulho, e o entregou ao Major.
- Bem vê, - acrescentou ele, - que só o jogo, o testamento ou o garimpo nos podem tornar ricos de um dia para outro.
- São na verdade magníficos brilhantes, disse o Major depois de abrir o embrulho. Só aqui, há um valor de muito mais de vinte contos.
- E a lavra de onde saíram ainda não está esgotada, - disse Elias.
- Já vejo que o céu os destinava um ao outro, e de maneira nenhuma me posso opor ao vosso casamento, visto que as coisas tocadas pela mão de Deus se encaminham de modo tão visível para esse fim. Não me é preciso perguntar a Lúcia se consente nesse casamento. Há muito sei de vossa mútua afeição, e que era a causa da repugnância de Lúcia em aceitar outros enlaces. O céu me é testemunha de que eu dentro d’alma, não desaprovava esse amor, e que sempre fiz justiça às suas qualidades e bons sentimentos, senhor Elias. Mas este mundo, esta sociedade tem tais exigências... eu também, eu que em minha vida singela e uniforme nunca sondei o oceano das paixões humanas, não podia conhecer todo o alcance de tal amor, e pensava, insensato que eu era! que contrariando os afetos de minha filha, procurava-lhe a verdadeira felicidade. Mas espero, meus filhos, que me perdoarão e não me quererão mal por isso.
- Esqueçamos o passado, senhor Major, esse passado, que para nós ambos tem sido bem triste e bem cheio de transes de amargura. Tinha um motivo justo de