O Garimpeiro - Cap. 9: IX – ALÉM DA QUEDA, O COICE Pág. 75 / 147
Mas infelizmente esse homem, poucos meses depois, morreu de febre intermitente, deixando a Elias quase no mesmo estado em que saíra da Bagagem. Deu sepultura decente àquele bom e generoso protetor, a cujas cinzas sempre seria reconhecido, e chorou sobre sua sepultura lágrimas sinceras de dor e de saudade. Com os pequenos recursos que adquiriu durante aqueles poucos meses, continuou a garimpar em umas datas que lhe eram próprias. Mas essas lavras eram pobres, e mal lhe davam para se ir mantendo. Já de novo a miséria o ameaçava de perto, quando um dia um moço de maneiras afáveis e de gentil e agradável presença apareceu no serviço em que ele trabalhava. Era um rico negociante, que andava comprando diamantes na mão dos garimpeiros, e que os pagava a bom preço. Todos os dias continuou a aparecer no serviço, comprava os diamantes que iam aparecendo sem reparar muito na qualidade nem no peso deles, e dava mostras manifestas de que queria protegê-lo e dar-lhe a mão. Por fim esse moço, estreitando cada vez mais suas relações com ele, e como reconhecesse nele bastante inteligência e fino trato no conhecimento dos diamantes, o induziu largar o garimpo e ser seu agente no negócio dos diamantes, dando-lhe avultados interesses. Graças a esse novo e opulento protetor, que negociava em grande escala, e que todos os meses enviava para a capital da Bahia partidas consideráveis de diamantes, Elias, que o servia com zelo e inteligência, adquiriu em pouco tempo um avultado pecúlio. Nesse tempo o preço do diamante teve grande alta nos mercados europeus, de modo que puderam realizar os mais vantajosos negócios e Elias via o seu pequeno pecúlio duplicar-se, triplicar-se, de mês a mês, e em breve pôde fazer avultadas transações por sua própria conta.