O Garimpeiro - Cap. 10: X – A AFRONTA Pág. 82 / 147

- Major, dá licença?...

- Pode chegar; quem é?...

- Não me conhece mais, senhor Major?... - disse o moço avizinhando-se.

- Ah! o senhor Elias!... por aqui!... há bem tempo que não o vejo, e nem tenho notícias suas. Então, por onde andou? quando chegou? Conte-nos isso.

- Cheguei ontem, e não pude resistir ao desejo de vir vê-lo e cumprimenta-lo, apesar de que a hora e a ocasião não sejam próprias... peço-lhe desculpa...

- Obrigado. Fez muito bem; esta casa está sempre aberta para os amigos, em toda e qualquer ocasião.

- Muito lhe agradeço tanta bondade, e por estar certo dela é que me atrevi a procurá-lo mesmo em tal ocasião.

Elias fazia um esforço supremo para dominar e disfarçar a tempestade que lhe ia dentro d’alma. Por seu lado o Major também estava longe de sentir no coração o prazer que procurava aparentar, com o aparecimento de Elias naquela ocasião. Bem conhecia a mútua afeição que, há longo tempo, existia entre sua filha e o jovem uberabense, e que era ela a causa da tristeza e do abatimento em que Lúcia há tanto tempo vivia, e da repugnância que sempre mostrara m aceitar marido. Agora, porém, que essa repugnância estava vencida, segundo ele pensava, e que o tempo e um novo afeto iam produzindo o desejado efeito, o aparecimento inesperado daquele rapaz não podia produzir em seu espírito agradável impressão, e não deixava de recear que a sua presença pudesse perturbar o complemento de seus projetos. Este receio subiu de ponto ao notar os olhares desvairados e o acento estranho da voz do mancebo, que debalde procurava dar a todo o seu ser um ar da mais fria indiferença.

- Nesta ocasião principalmente, meu amigo, - prosseguiu o Major continuando a conversa, - sinto especial prazer em ter





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