O Garimpeiro - Cap. 12: XII – MOEDEIRO FALSO Pág. 96 / 147

No momento de apear-se achava-se bem junto à porta um homem de grotesca figura, pobre e andrajosamente vestido, mas calçado e com uma gravata esfarrapada ao pescoço, e da aparência a mais benigna e submissa que se pode imaginar. Este homem, depois de tirar respeitosamente o amarrotado chapéu de pêlo, fazer uma profunda reverência e pegar no estribo para apear-se, desdobrou e apresentou a Leonel um papel sem lho entregar.

- Ah! já sei! - exclamou com impaciência o mancebo, sem ao menos olhar para o papel. É alguma subscrição... é um chuveiro delas todos os dias. Em outra ocasião, meu amigo... apareça em minha casa.

- Perdoe-me V. Sª.; não é isso de que se trata; tenha a bondade de ler o papel.

Leonel tomou o papel, passou por ele um ligeiro lance de vista, empalideceu, e num instante desarmou-se-lhe todo aquele ar de segurança e imponência que o revestia. Depois, com ar espantadiço olhou para todos os lados como quem queria correr. O homem lançou-lhe a mão ao punho, e disse-lhe com solenidade:

- V. Sª. está preso à ordem do senhor delegado de polícia.

- Infâmia!... eu!... eu mesmo! ? é impossível; há engano da sua parte, meu caro.

Dizendo isto, Leonel ia entrar para a casa do Major. O homem o deteve.

- Perdão; V. Sª. há-de acompanhar-me.

- Vou só dar um recado, e volto neste instante.

- Não, senhor; tenho ordens apertadas.

O moço mordeu os beiços de raiva.

- Pois bem! - disse, - vamos lá! onde quer me levar? - E ia montar a cavalo.

- Perdão, meu senhor; tenha paciência. V. Sª. há-de ir a pé. Eu vou puxando seu cavalo.

- Biltre! - bradou o moço encolerizado e levantando o chicote, - o cavalo é meu; tenho de ir à casa, e não quero ir a pé.

E já ia pondo o pé no estribo. O meirinho apitou, e súbito dois soldados, surgindo por detrás de uma cerca vizinha, acudiram prontamente, e colocaram-se aos lados de Leonel.





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