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A minha tarefa de preparar à humanidade um instante de mais alta reflexão sobre si própria, um grande meio-dia em que possa olhar para trás e para muito além de si, em que se liberte do domínio do acaso e dos padres, e em que ponha, pela primeira vez, com plenitude, o problema do «porquê» e do «como»; tal tarefa procede necessariamente da intuição de que a humanidade não segue o seu caminho próprio, que ela não é orientada por um Deus, que, muito pelo contrário sob as suas concepções dos valores mais sagrados se ocultava insidiosamente o instinto de decadência. O problema da genealogia dos valores morais é para mim problema de primeira importância, porque implica o do futuro 'da humanidade. A obrigação de acreditar que tudo se encontra nas melhores mãos, que um livro, a Bíblia, nos confere definitiva segurança sobre o governo divino, e estável sabedoria quanto aos destinos da humanidade, se a conferimos com a realidade patente, corresponde a pretender