Gente de Dublin - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 45 / 117

- Os jesuítas são uma bela espécie de homens - apoiou Mr. Power.

- Há uma coisa curiosa - disse Mr. Cunningham. - Todas as outras ordens da Igreja tiveram de ser reformadas numa época qualquer, mas esta nunca precisou de reformas.

- É verdade? - perguntou Mr. M’ Coy.

- É um facto - disse Mr. Cunningham. - É da história.

- Olhem para a igreja deles! - exclamou Mr. Power. - Reparem na congregação que têm.

- Os jesuítas provêm das classes elevadas - disse Mr. M’ Coy.

- Certamente - aprovou Mr. Power.

- Sim - disse Mr. Kernan. -,É por isso

que eu tenho uma simpatia especial por eles. Mas não desses padres, ignorantes... - Todos são boas pessoas - disse Mr.

Cunningham. - Cada um no seu género.

Os padres irlandeses são respeitados em todo o mundo.

- Ah, sim? - perguntou Mr. Power.

- Não são como alguns que existem no continente e que não merecem o nome que usam - disse Mr. M’ Coy.

- Talvez tenhas razão - disse Mr. Kernan.

Todos beberam novamente. Mr. Kernan parecia pesar qualquer coisa no seu pensamento. Estava impressionado. Tinha elevada opinião acerca de Mr. Cunningham. Pediu mais informações:

- É simplesmente um retiro, sabes - disse Mr. Cunningham. - O padre Purdon é que o faz. É dedicado a homens de negócios.

- Ele não será duro connosco, Tom? ¬perguntou persuasivamente Mr. Power.

- O padre Purdon? - inquiriu o inválido.

- Com certeza que o conheces, Tom ¬disse Mr. Cunningham, firmemente. - Pessoalmente muito simpático! Um homem da sociedade, como nós.

- Ah... sim. Parece-me que o conheço.

Alto, de cara encarniçada... - É esse mesmo.

- Mas diz-me, Martin... Ele é bom pregador?

- Bem, não é positivamente um sermão, sabes? É uma espécie de conversa amiga, percebes?...

Mr. Kernan ficou a deliberar. Mr. M’ Coy disse:

- O padre Tom Burke - afirmou Mr.

Cunningham -, esse nasceu orador. Chegaste alguma vez a ouvi-lo, Tom?

- Se o ouvi!... - disse o inválido. - Se o ouvi...

- E, no entanto, diziam que não era grande teólogo - exclamou Mr. Cunningham.

- Mas era realmente assim?!

- Não, certamente que não... Somente, às vezes, diziam que pregava como um ortodoxo.

- Mas era uma esplêndida pessoa ¬disse Mr. M’ Coy.





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