Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 46

- Ouvi-o uma vez - continuou Mr. Kernan. - Esqueço-me de qual era o assunto do seu sermão. Crofton e eu estávamos ao fundo, ao pé da porta. Esqueço-me sobre o que falava... Ah, já sei, era sobre o papa, o último papa. Lembro-me bem. Foram magníficos, o estilo e a oratória. E a voz dele! Meu Deus! Que voz! «O prisioneiro do Vaticano»; chamou ele ao papa. Quando saímos, Crofton disse-me:

- Mas esse Crofton é um Orangeman, não é?

- Certamente que é. Quando saímos de lá, lembro-me perfeitamente das suas palavras. «Kernan», disse ele, «acreditamos em religiões diferentes, mas a nossa crença é a mesma.» Soou-me bem aquilo.

- Há grande parte de verdade nisso - sentenciou Mr. Power. - Costumava estar sempre uma grande quantidade de protestantes na igreja, quando o padre Tom pregava.

- Não há assim uma grande diferença entre nós - disse Mr. M’ Coy. - Ambos acreditamos em...

Hesitou durante um momento.

- ...no Redentor. A diferença é que eles não acreditam no papa nem em Nossa Senhora.

- Mas a nossa religião é que é a antiga religião, a primitiva fé.

- Não duvido disso - exclamou Mr. Kernan acaloradamente.

Mrs. Kernan apareceu na porta do quarto e disse:

- Está aqui uma visita para ti!

-Quem é?

- Mr. Fogarty.

- Oh! Entre! Entre!

Um rosto oval e pálido apareceu na abertura da porta. O arco dos seus bigodes compridos, repetia-se nas loiras sobrancelhas que ficavam por cima de uns olhos admirados. Mr. Fogarty era um modesto merceeiro. Tinha fracassado na cidade, e abrira uma pequena loja, na Rua Glasvenin, onde as suas maneiras lhe haviam granjeado as simpatias das donas de casa. Tinha um porte gracioso, falava às crianças e explicava-se cuidadosamente. Não deixava de ter certa cultura.

Mr. Fogarty trouxera um presente: uma garrafa de uísque especial. Indagou polidamente das melhoras de Mr. Kernan, pôs O seu presente em cima da mesa e sentou-se. Mr. Kernan apreciou o presente, para mais sabia que tinha uma pequena conta para pagar na mercearia, e disse-lhe:

- Não duvidava de si, velho amigo.

Abra isso se faz favor, Jack.

Mr. Power tomou, de novo, a iniciativa.

Deitaram o uísque nos copos. Aquilo alegrou a conversa. Mr. Fogarty, sentado numa pequena área da sua cadeira, estava especialmente interessado.

<< Página Anterior

pág. 46 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 46

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86