Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 4: Capítulo 4

Página 44

Os homens beberam e pousaram os copos na mesa. Então, Mr. Cunningham voltou-se para Mr. Power, e disse casualmente:

- Na noite de quarta-feira, não foi o que disseste, Jack?

- Sim, quarta-feira - confirmou Mr. Power.

- Bem - exclamou prontamente Mr. Cunningham.

- Podemos encontrar-nos no M' Auley - disse Mr. M’ Coy. - Será o melhor lugar.

- É preciso não irmos tarde - acrescentou Mr. Power, com seriedade - porque, com certeza, está cheio até à porta.

- Podemo-nos encontrar às sete e meia.

-Bem.

- Às sete e meia no M' Auley.

Fez-se um, pequeno silêncio. Mr. Kernan esperou, a ver se o metiam na confidência; depois perguntou:

- O que está no ar?

- Oh, não é nada - disse Mr. Cunningham. - É uma combinação que estamos a fazer para quarta-feira.

- A ópera, não é? - perguntou Mr. Kernan.

- Não, não - disse Mr. Qunningham num tom evasivo. - É um pequeno assunto espiritual.

- Ah! - fez Mr. Kernan.

Tornou a haver um silêncio. Depois, Mr. Power disse, num ímpeto:

- Para te dizer a verdade, Tom, vamos fazer um retiro.

- Aí está! - disse Mr. Cunningham -, Jack, eu e M’ Coy, vamos fazer uma limpeza.

Mr. Cunningham emitiu aquela metáfora com certa energia, e, encorajado pela sua própria voz, prosseguiu:

- Bem, temos que admitir que somos uma boa colecção de patifes, todos nós. ¬Voltando-se para os outros, perguntou: ¬Não acham?

Os dois responderam afirmativamente. - De maneira que vamos todos fazer uma limpeza - disse Mr. Cunningham.

Uma ideia repentina pareceu invadi-lo e, voltando-se repentinamente para o inválido, disse:

- Sabes o que me ocorreu, agora mesmo, Tom?... Podias juntar-te a nós.

- Boa ideia! - exclamou Mr. Power. - Iríamos os quatro.

Mr. Kernan permanecia silencioso. A proposta não lhe agradava, mas, percebendo que as matérias espirituais seriam em seu proveito, pensou que devia à sua dignidade o mostrar-se forte. Não tomou parte na conversa durante um grande bocado; limitou-se a ouvir a discussão que os seus amigos estavam sustentando acerca dos jesuítas.

- Não tenho assim tão má opinião dos jesuítas - disse ele por fim. - É uma ordem educada. E julgo que fazem bem.

- É a maior ordem da Igreja, Tom - disse Mr. Cunningham, com entusiasmo. - O principal dos jesuítas fica logo a seguir ao papa.

- Isso é uma verdade - acrescentou Mr. M’ Coy. - Se se quiser alguma coisa bem feita, é ir ter com um jesuíta! E têm uma influência!... Podia contar-lhes um caso...

<< Página Anterior

pág. 44 (Capítulo 4)

Página Seguinte >>

Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
Página atual: 44

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86