Passaram pela Rua Dame. O tráfego era fora de comum. Ouviam-se buzinas de automóveis e as campainhas dos eléctricos. Ao pé do Banco, Ségouin parou. Jimmy e o seu amigo desceram. Algumas pessoas estavam reunidas no passeio, a fim de prestarem homenagem aos corredores. Jantariam todos juntos naquela noite, no hotel de Ségouin, mas antes disso Jimmy e o seu amigo iriam a casa vestir-se. O carro arrancou a seguir, vagarosamente, enquanto os dois rapazes abriam caminho, pelo meio dos espectadores. Rumaram para o lado norte, com uma impressão curiosa de desapontamento, ao mesmo tempo que a cidade os iluminava com os pálidos globos dos seus candeeiros.
Em casa de Jimmy, aquele jantar era arado corno um acontecimento importante. Seus pais sentiam-se orgulhosos e impacientes. Jimmy vestiu-se e desceu ao vestíbulo todo elegante, dando ainda os últimos toques no nó da gravata. O pai demonstrava grande amizade por Villona e as suas maneiras mostravam um verdadeiro respeito por talentos estrangeiros; toda aquela subtileza para com o seu hóspede era inútil, porque o húngaro não pensava senão na comida.
O jantar foi excelente e esquisito. Ségouin e Jimmy, que o haviam escolhido, possuíam refinado paladar. A reunião fora melhorada com a presença de um rapaz inglês chamado Routh, que Jimmy vira com Ségouin, em Cambridge. Os jovens comeram numa sala aconchegada, iluminada a electricidade. Falavam com volubilidade e sem reservas. Jimmy, que possuía grande imaginação, considerava a alegre juventude dos franceses duas vezes mais elegante do que a firmeza de maneiras dos ingleses. Admirava a facilidade com que o amigo dirigia a conversa. Os quatro rapazes palestravam com volubilidade. Villona, respeitoso, começou a falar da beleza dos madrigais ingleses. Riviere, não sem ingenuidade, principiou a explicar a Jimmy os triunfos dos mecânicos franceses. A voz ressonante do húngaro discorria acerca dos pintores românticos, quando Ségouin encaminhou a conversa para a política.