O Retrato de Dorian Gray - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 89 / 335

Com as noções de que dispúnhamos equivocávamo-nos sempre a respeito de nós mesmos e raras vezes compreendíamos os outros. A experiência nenhum valor ético possuía. Era apenas o nome que os homens davam aos seus erros. Os moralistas haviam-na, em regra, considerado como um modo de advertência, haviam-lhe atribuído uma certa eficácia ética na formação do carácter, haviam-na exaltado como alguma coisa que nos ensinava o que devíamos seguir e nos mostrava o que devíamos evitar. Mas na experiência nenhuma força motriz existia. Era uma causa activa tão exígua como a própria consciência. A única coisa que ela deveras demonstrava era que o nosso futuro havia de ser o mesmo que o nosso passado, e que o pecado que nós uma vez havíamos cometido com repugnância o voltaríamos a cometer muitas vezes, e com prazer.

Era para ele evidente que o método experimental era o único método que nos poderia conduzir a uma análise científica das paixões; e certamente Dorian Gray era um assunto que lhe quadrava perfeitamente e parecia prometer ricos e frutuosos resultados. O seu súbito desvairo por Sibyl Vane era um fenómeno psicológico de não pequeno interesse.





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