O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde - Cap. 2: Capítulo 2 Pág. 17 / 102

Saindo da sombra, o Sr. Utterson tocou-lhe no ombro e perguntou:

- É o Sr. Hyde?

O homem recuou, sobressaltado, sustendo a respiração.

Mas o medo foi apenas momentâneo; e, embora não tivesse encarado o advogado de frente, respondeu com toda a calma:

- Sou eu mesmo. Que deseja?

- Vejo que vai entrar - retorquiu o advogado. - Sou um velho amigo do Dr. Jekyl1: Utterson, de Gaunt Street. Já deve ter ouvido falar de mim; e, uma vez que se deu a casualidade de o encontrar, achei que poderia deixar-me acompanhá-lo.

- O Dr. Jekyll saiu; não está em casa - replicou Hyde, agitando a chave; e de repente, ainda sem levantar os olhos, perguntou: - Como é que me conhece?

- E o senhor - ripostou o Sr. Utterson -, pode fazer-me um favor?

- Com todo o prazer - respondeu o outro. - O que deseja?

- Permite-me que veja o seu rosto?

O Sr. Hyde pareceu hesitar e, após um instante de reflexão, ergueu bruscamente a cabeça e afrontou Utterson com um ar desafiador; ambos se olharam fixamente durante alguns segundos.

- Assim, já poderei reconhecê-lo - observou o advogado. - Pode vir a ser útil.

- Sim - ripostou o Sr. Hyde. - Foi muito bom termo-nos encontrado; e, a propósito, aqui tem o meu endereço.

E deu-lhe um número de uma rua de Soho.

«Santo Deus!», pensou o Sr. Utterson, «estaria também a pensar no testamento?» Porém, guardou para si próprio esta reflexão, limitando-se a resmungar um agradecimento pela informação.





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