- Sem dúvida, Mac. Mas, de que maneira tenciona o senhor apanhar o tal Porlock?
Mac Donald restituiu a carta que Holmes lhe havia entregado.
- Postada, no correio em Camberwell. Isto não nos ajuda muito. O nome, como o senhor diz, é fictício. Portanto, também em nada nos auxilia. O senhor não disse ter-lhe já enviado dinheiro?
- Por duas vezes.
- E de que maneira?
- Em notas, para a agência postal de Carnberwell.
- Nunca se preocupou em saber quem o recebia?
- Não.
O inspector parecia perplexo e um tanto escandalizado.
- E porquê?
- Porque tenho o costume de cumprir a minha palavra. Da primeira vez em que ele me escreveu, tinha-lhe prometido não tentar descobrir a sua, identidade.
- Julga que há alguém por detrás dele?
- Sei que há.
- O tal professor de que me falou?
- Exactamente.
O inspector Mac Donald sorriu e, ao olhar para mim, de relance, notei-lhe certa agitação das pálpebras.
- Não posso ocultar-lhe, Mr. Holmes; no Departamento Central de Polícia sabemos que o senhor tem uma certa obsessão por esse professor. Realizei algumas investigações neste caso. O sujeito parece ser pessoa respeitável e muito erudita.
- Alegro-me pelo facto de você ter sabido reconhecer-lhe o talento.
- Mas não podemos deixar de reconhecê-lo. Depois que soube da sua opinião a respeito desse indivíduo não descansei enquanto não o conheci. Tive uma conversa com ele acerca de eclipses. Nem sei como é que a conversa tomou esse rumo! E ele foi brilhante, com o auxílio de um reflector e de um livro, que (não me envergonho de confessá-lo), estava um pouco acima do meu entendimento, apesar de ter recebido uma boa educação em Aberdeen.