Capítulo 6 – Uma Réstia de Luz Os três polícias tinham muito que discutir acerca dos pormenores do caso. Por esse motivo regressei sozinho ao nosso modesto quarto na estalagem da vila. Contudo, antes de fazê-lo resolvi dar um pequeno passeio pelo curioso e antigo jardim que flanqueava a casa. Circundavam-no fileiras de teixos enormes, podados de maneira invulgar. No interior, estendia-se um relvado, tendo ao centro um velho relógio de sol; toda a atmosfera do local era tão plácida e repousante que exercia sobre os meus nervos o efeito de um bálsamo. Nesse ambiente de paz seria possível esquecer o gabinete sombrio em cujo pavimento jazia um homem coberto de sangue. Contudo, enquanto vagueava por aquele ameno jardim, acalmando o espírito com seus tépidos aromas, ocorreu um estranho incidente que me fez recordar da tragédia e me causou uma sinistra impressão.
Já disse que o jardim era circundado por fileiras de teixos. Na extremidade mais afastada da casa, formavam uma sebe contínua. No lado oposto dessa sebe, oculto de quem se avizinhasse da habitação, havia um banco de pedra. Ao aproximar-me, ouvi um ruído de vozes: uma, masculina, que fazia qualquer observação em tom grave, em contraste com um riso cristalino feminino. Momentos depois, atingi o limite da sebe e deparei com Mrs. Douglas e Mr. Barker, antes que notassem a minha, presença. A atitude dela desconcertou-me. Na sala de jantar, mostrara-se séria e discreta mas, agora, toda a simulação de tristeza se dissipara. Os olhos brilhavam com alegria e o rosto vibrava com o prazer que lhe causaram as observações do companheiro. Este estava sentado, com o corpo inclinado para diante, os dedos das mãos entrelaçados e os cotovelos apoiados nos joelhos, com um sorriso no rosto atraente.