Eu olhava, para a estranha mensagem que havia rabiscado numa folha de bloco, sobre o joelho, enquanto a decifrava.
- Que maneira extravagante e confusa de- se expressar! - Comentei.
- Pelo contrário, ele saiu-se admiravelmente bem - retrucou Holmes. - Quando se procuram, numa única coluna, palavras para, exprimir o que se deseja, dificilmente se pode encontrar aí tudo o que se quer. Quem escreve é obrigado a deixar algo à perspicácia do seu correspondente. O sentido é perfeitamente claro, Está a ser tramado um plano diabólico contra certo Douglas, seja quem for, residente em Birlstone. E é urgente. Eis o nosso resultado - um hábil esforçozinho de análise.
Holmes deixara, transparecer a alegria impessoal do verdadeiro artista perante um superior campo de pesquisas. Ainda se regozijava com o seu êxito quando Billy, abrindo a porta. introduziu na sala o inspector Mac Donald, da Scotland Yard.
Estávamos nos primeiros dias do ano de 1889, época em que Alec Mac Donald estava longe de ter obtido o renome nacional que hoje possui. Apesar de jovem, era funcionário de confiança da força policial, e já se havia distinguido em diversos casos que lhe tinham sido confiados. A compleição atlética e ossuda denunciava excepcional força física, ao passo que o crânio amplo e os olhos profundos e brilhantes falavam, não menos eloquentemente, da aguda inteligência que cintilava por detrás das grossas sobrancelhas. Era um homem silencioso e preciso, inflexível por, natureza e com forte sotaque escocês. Já por duas vezes, durante a sua carreira, Holmes o ajudara a obter êxito, contentando-se com a única recompensa do prazer intelectual de ter resolvido um problema difícil.