Camões - Cap. 9: CANTO NONO Pág. 149 / 177

Escassa ameia vês em pé suster-se

No escalavrado muro. Já trabucos,

Dos séculos depois vaivém mais duro

Pelas íngremes rocas dispersaram

As pedras que talhou a mão dos homens

Outrora dessas rocas, para alçá-las

Em torreões de morte: - ímpia fadiga

Trabalho improbo e duro! A asa do tempo

Voando passa, e varre a obra do homem

De sobre a face da esquecida terra.

V

E disseras que de homens como os de hoje

Não puderam ser obra esses vestígios

Do imenso Babel que vês prostrado.

A braços de gigante sobreposto

Monte a monte parece; arrebatada

Por anjos infernais a roca antiga

Que ao prumo a descaíram - e fixada

No encantado equilíbrio, desafia

Forças da natureza e arte dos homens.

Mouro é o mais do que vês, e a doble cerca

Do castelo, e a cisterna que às devotas

Abluções, ali perto da mesquita,

Suas águas filtradas ministrava.





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