Camões - Cap. 10: CANTO DÉCIMO Pág. 176 / 177

Ansiado o nobre conde se aproxima

Do leito... Ai! tarde vens, auxílio do homem.

Os olhos turvos para o céu levanta;

E já no arranco extremo: - «Pátria, ao menos

Juntos morremos...» E expirou coa pátria.

«Onde jaz, Portugueses, o moimento

Que do imortal cantor as cinzas guarda?

Homenagem tardia lhe pagastes

No sepulcro sequer... Raça d’ingratos!

Nem isso! nem um túmulo, uma pedra,

Uma letra singela! - A vós meu canto,

Canto de indignação, último acento

Que jamais sairá da minha lira,

A vós, ó povos do universo, o envio.

Ergo-me a delatar tamanho crime,

E eterna a voz me gelará nos lábios.

Lira da minha pátria onde hei cantado

O lusitano - envilecido - nome,

Antes que nesse escolho, em praia estranha,

Quebrada te abandone, este só brado

Alevanta final e derradeiro:

Nem o humilde lugar onde repoisam

As cinzas de Camões, conhece o Luso.





Os capítulos deste livro