Camões - Cap. 1: CANTO PRIMEIRO Pág. 24 / 177

Raro o caso verás; porém não chora

O Jau pelos palmares do seu ninho:

Prende-o a amizade, não grilhões de escravo,

A seu senhor, amigo e companheiro.

- E ess’outro? - Deu-lhe o ser matrona do Ebro;

E os pendões de Isabel hasteou nos muros

Da vencida Granada: mas a frente,

Hoje de raras cãs mal povoada,

Nem só das murtas se coroou da Alhambra;

Capelas de magnólia em mundos novos

Lhe deram sangue e crimes... Crimes foram,

Que o sócio de Cortez cobriu do saco,

E humilhou nas cinzas a cabeça

Dos louros da vitória descingida.

Pardo burel lhe roça a penitência

Nos membros que luziram d’aço e d’oiro.

Voto solene e zelo d’outra glória

O levou d’além cabo das tormentas

Da aurora aos roxos seios. - Estes eram

Os que junto ao guerreiro silencioso

Mudos como ele e quedos o fitavam.





Os capítulos deste livro