Camões - Cap. 2: CANTO SEGUNDO Pág. 34 / 177

ventre à sepultura!»

«O escasso número

Dos dias meus não será findo em breve?

Deixa-me pois chorar a minha mágoa,

Gemer coa minha dor antes que desça,

Para mais não voltar, à tenebrosa

Terra que a escuridão cobre da morte:

Terra de míngua e trevas, habitada

Pelas sombras da morte, - onde mais ordem

Que o sempiterno horror há i nenhuma.»

VI

As vibrações da música, as palavras

Não menos forte, o lugar, a hora

A grinalda de rosas sobre o túmulo,

Porventura ignoradas circunstâncias

Que às sombras deste quadro dão relevo

Com mais fortidão n’alma, tudo a um tempo

No predisposto cérebro, de embate,

Violento abalo deu ao Lusitano.

Os cabelos na frente se ouriçaram

Como selva de lanças ergue súbito

Ao grito alarma em dia de batalha.

O coração parou-lhe, - e o corpo túrgido

Pesou sobre os joelhos, que vergaram

De golpe a terra.





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