Camões - Cap. 2: CANTO SEGUNDO Pág. 40 / 177

Despedida

Solene! E que expressão há i na terra

Em língua d’homens, que translade ao vivo

Todo esse acumular de sentimentos

Que em si de tal instante o adeus encerra!

XIV

Já vacilante mão abre o ataúde...

Amortalhavam cândidos vestidos

O corpo ainda airoso duma dama

Não morta no botão d’anos viçosos,

Mas na desabrochada flor da vida,

Tão delicada não, porém mais bela.

Velada a face tinha; mas conhece-a...

Quem? o guerreiro... quem? o seu amante.

XV

Céus! ele mesmo, ele! - Precipita-se

Sobre o cadáver... ergue o véu... - «Natércia!»

- «Natércia» d’eco em eco repetiram

Os ecos dos moimentos, acordados

Do sono sepulcral. Estremeceram

Os do cortejo, e atónitos contemplam

O incógnito. - «É ele» uma voz disse;

- «É ele» em torno remurmuram todos.





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