O coração é cofre precioso
De que, raro, confia homem prudente
A chave a seu mais íntimo. Guardai-vos
De baratear assim o ouro cendrado
Da amizade fiel (confiança entendo)
A qualquer que sorrindo vos estende
Talvez curiosa mão, que não de amigo.
Em barda os achareis... - oh! perdoai-me,
Sou velho, e pronta sempre a dar conselhos
É minha idade - se prestar-vos pode
Este nada que valho, se ajudar-vos
De obra ou de aviso imaginais que posso,
Ouvir-vos-ei de gosto e de vontade.
Sou vosso amigo, sou: provas nenhumas
De mim tendes; mas Deus, que une as vontades,
E a quem prouve no peito gravar do homem
Esse invisível quê, essa lei mística
Que atrai o coração dum ente ao outro,
Deus sabe se, de quando em Moçambique
Vos conversei primeiro, senti n’alma
Não sei que voz dizer-me: - «Segue esse homem,
Deves amá-lo, é infeliz e honrado.