Camões - Cap. 4: CANTO QUARTO Pág. 72 / 177

.. - Mudo e sem vida

Horas longas fiquei parado, extático,

No coração a carta, os olhos fitos

Na avara gelosia. Alta ia a noute;

Água acima passava uma falua:

Bradei, acodem, a Lisboa volto,

E ao outro dia, na maré da tarde,

Da popa dum galeão via fugindo

O Tejo, as suas ribas deliciosas,

Depois a terra; - alfim o céu e as águas

Sós com minhas tristezas me ficaram.

VI

Próspero o vento foi. Por esses mares

Que humana geração jamais abrira,

Seguindo fomos o atrevido esteiro

Do grande Vasco. À sestra nos ficavam

As mauritanas várzeas tão regadas

De sangue luso. Vimos a frondosa.

Vicejante Madeira, a primogénita

De nossas descobertas, e a mais bela

De quantas pelo Atlântico dispersas

O generoso Henrique adivinhara.

Massília estéril, e os queimados serros

Donde o Sanagá negro se despenha,

Passámos, o Arsinário cabo vendo,

Que Verde em seu extremo apelidámos.





Os capítulos deste livro