Vimos também as Fortunadas ilhas,
E entrando as que d’Hespério o nome tomam,
As orientais costas africanas
Rodeámos de Jalofo e de Mandinga,
Donde o curvo Gâmbia ao Tejo manda
As ricas páreas do caudal luzente.
As Dorcadas passámos, que dos silvos
Das víboras na areia inda retinem:
Crespas tranças outrora que inflamavam
O cérulo Neptuno. Ao austro a proa,
No imenso golfo entrámos, transcorrendo
A Leoa serra aspérrima, e o cabo
Que dissemos das Palmas, e a frondente
Ilha que do incrédulo discípulo
O apelido tomou. Ali a fértil,
Vastíssima região que lava o Zaire,
Ganha por nós à fé, e conquistada
Por armas só de paz. Assim transposto
O que divide o mundo, ardente término,
À dextra nos ficava a plaga imensa
Não sonhada de antigos sabedores,
Por onde o velho mundo dilataram
Os nossos e os que após dos nossos foram:
Que ousar e perfazer tamanho feito
Fora a humanos esforços impossível
Se o braço português não ajudasse.