Camões - Cap. 5: CANTO QUINTO Pág. 90 / 177

Pátria, pátria, rival tu foste d’Ela!

Tu me ficaste só, não desampares

Quem por Ela e por ti sofreu constante,

Quem por ti só agora o fio extremo

Ténue conserva da existência aflita...

Rosa d’amor, rosa purpúrea e bela,

Quem entre os goivos te esfolhou da campa?

VII

«Desamparou-me! - Triste e sem conforto

Fiquei só, neste vale de amargura.

Linda, mimosa flor, à sombra tua,

Rasteira grama vegetava apenas

Minha tímida esp’rança. Amareleço,

Desabrigada planta, ao sopro ardente

Do norte queimador. - Quem te há cortado,

Quem, rainha das flóridas campinas,

Te decepou sem dó - que faz, que espera,

Que não leva também, que não arranca

A humilde ervinha que sem ti falece?

Rosa d’amor, rosa purpúrea e bela,

Oh! leva-me contigo à campa fria.»

VIII

Canção, canção de morte era esta sua,

Que em som carpido os montes repetiam

Da umbrosa Sintra.





Os capítulos deste livro