O Garimpeiro - Cap. 2: II- A CAVALHADA Pág. 11 / 147

Lúcia, que reunia todas aquelas condições em grau eminente, estava fascinadora.

Sua entrada na vila produziu uma verdadeira expectação.

- Que bonita moça! E como governa bem o seu lindo cavalinho! - dizia-se ainda em um grupo de moços, que se afastara a um canto para vê-la. Eu prefiro este espetáculo a quanta cavalhada há neste mundo.

- Tens razão. Entre as coisas lindas é ver uma linda moça montada em um lindo cavalo.

- Oh! Se as mulheres também corressem cavalhadas, e pilhássemos um terno de cavaleiras como aquela!... que dizes, Elias?

- Isso é impossível- respondeu este- como aquela não pode haver outra no mundo. Mas nesse caso eu quisera correr cavalhadas toda a minha vida!

- Ah! Meu Deus! A primeira argolinha, que eu correr, e que hei-de tirar por força, há-de ser oferecida àquela incomparável formosura.

- Alto lá, eu corro primeiro que tu, e serei eu que primeiro terei a honra de ofertar-lhe o anel... que ventura, já estou sonhando com o gracioso sorriso com que ela tem de agradecer-me.

- Que esperança! Na primeira corrida vocês todos hão-de errar, eu aposto; e eu, que serei um dos últimos a correr serei o primeiro a levar a argolinha à gentil dama, e o que vocês ainda não sabem, o pai dela com quem muito me dou, me há-de convidar a jantar em sua casa. Olhem, não vão morrer de inveja.

O grupo, como se vê, era de corredores de cavalhadas, e entre eles achava-se Elias. Lúcia o tinha avistado, e tinham-se saudado com os olhos. Elias ao ouvir as palavras de seus companheiros remoía-se por dentro, e começava a sentir as primeiras inquietações do amor. Quando passara pela fazenda do Major sentira irresistível atração pela moça; mas, atendendo à sua posição de moço pobre e sem posição, não ousara afagar muito aquele sentimento, que esperava em breve se desvaneceria.





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