O Garimpeiro - Cap. 2: II- A CAVALHADA Pág. 12 / 147

Quando porém a viu entrar na vila radiante de beleza, e como que rodeada de uma auréola de prestígio, quando a viu tornar-se o alvo da admiração de tantos ricos e galhardos moços, que pareciam porfiados em merecer dela um olhar ou um sorriso, Elias sentiu um não sei quê picar-lhe o coração, e compreendeu que nunca poderia ver de bom grado aquela beleza passar ao poder de outrem.

Depois de dar o tempo necessário para o descanso dos recém-chegados, que se apearam em uma das melhores casas do largo, Elias foi um dos primeiros a visitá-los, no que não só cumpria um dever como também satisfazia o mais ansioso anelo do seu coração. A recepção foi cordial e afetuosa. É escusado dizer que Lúcia, ao ver o moço, corou de um modo muito expressivo.

Havia já lá, na sala do Major, um jovem trajado com elegância e certo requinte de mau gosto, porém, à última moda. Sobre o colete brilhavam-lhe a grossa cadeia do relógio, guarnecida de uma infinidade de penduricalhos, a luneta com seu competente trancelim, e no peito da camisa um formidável alfinete de diamante. O colete tinha também uma cintilante abotoadura metálica. Era em tudo o tipo acabado do peralvilho da corte, todo frisado e almiscarado. Era um negociante fluminense há pouco estabelecido no lugar. Fora a princípio mascate ambulante, mas havia um ano que se instalara no Patrocínio com loja e balcão, e segundo dizia estava bem principiado, e em vias de enriquecer-se. Gostava muito de Lúcia, e fazia a corte ao Major que o não olhava com maus olhos; pois via nele um ricaço em esperança, e por conseguinte um excelente genro.

Elias viu com desespero que por toda a parte não encontrava senão rivais.

Essa circunstância, porém, longe de desalenta-lo, mais estimulava e incendiava a sua nascente paixão.





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