O Garimpeiro - Cap. 2: II- A CAVALHADA Pág. 20 / 147

alguns botões da farda, tirar do seio um curto punhal, e dependurando-se dos arreios com a presteza e agilidade de um gaúcho, quase sumir-se debaixo do cavalo, e depois reaparecer com a cabeça cravada na ponta do punhal. Os aplausos e os foguetes retumbaram por todos os lados.

- Ah! Meu Deus! - exclamou Lúcia involuntariamente e cobrindo os olhos com o lenço ao ver o moço naquela arriscada posição.

- Não se assuste, minha senhora- acudiu o fluminense- o rapaz está em seu elemento; é um excelente artista. No circo equestre do Bartolomeu este rapaz podia fazer fortuna.

Chegou por fim o momento de correr à argolinha, que é de todos os exercícios da cavalhada o mais difícil.

Os cavaleiros de ambas as turmas se reúnem de um só lado. Em frente deles, na outra extremidade, está pendurada a um cordão, preso a dois altos postes, uma argola de metal de uma polegada de diâmetro. Os cavaleiros, cada um por sua vez saindo a galope da fileira, têm de tentar enfia-la na ponta da lança.

Quando chegou a sua vez, Elias tinha montado de novo o fogoso rosilho; quando deram fé, já era tarde para estorvá-lo. O cavalo saiu aos trancos, num galope áspero e descompassado; mas a despeito disso, quando Elias passou entre os postes, a argolinha tinha desaparecido do cordão. Como é de estilo, dois cavaleiros vieram escoltá-lo, e ele, ao som de aplausos, músicas e foguetes, dirigiu-se ao palanque de Lúcia. Esta, com o mais amável dos sorrisos nos lábios e com mão trémula de emoção, na forma do costume, atou-lhe na ponta da lança um molho de largas e compridas fitas, e ele volteou de novo a arena a toque de música e estouros de foguetaria.

Era o herói da festa.

Seguiu-se a embaixada. Um parlamentar, montado em um formoso e bem doutrinado





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