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Capítulo 3: Capítulo 3

Página 32
As duas sentiam-se acanhadas, é claro. Ela, por não desejar receber as novas duma forma altiva ou por poder parecer conivente; PolIy, não só porque quaisquer alusões dessa espécie a faziam ficar sempre assim, mas também para não dar a impressão de que compreendia a tolerância da mãe e lhe adivinhara as intenções.

Mrs. Mooney olhou instintivamente para o pequeno relógio que estava na chaminé, ao deixar de ouvir os sinos da Igreja de S.George. Passavam dezassete minutos das onze; tinha tempo mais que suficiente para falar com Mr. Doran, e estar ao meio-dia na Rua Marlborough. Estava certa de que ganharia. Para começar, tinha todo o peso da opinião pública pelo seu lado; era uma mãe ultrajada. Deixara-o viver debaixo do seu tecto, tomando-o por um homem honrado e ele simplesmente abusara da sua hospitalidade. Tinha já trinta e quatro ou trinta e cinco anos, de forma que não era possível desculpar-se com a juventude; a ignorância também não podia ser a sua desculpa, visto que era um homem já conhecedor do mundo. Ele havia simplesmente abusado da ignorância e da falta de experiência de PolIy: isso era evidente. Tudo estava na reparação que estivesse disposto a prestar.

Tinha que haver uma reparação em tal caso. Tudo ficava bem para um homem que poderia seguir a sua vida depois de haver desfrutado uns momentos de prazer, como se nada houvesse acontecido; mas a rapariga, essa era obrigada a aguentar o golpe. Muitas mães ficariam satisfeitas de terminar negócios como aquele com uma boa soma de dinheiro; conhecia vários casos assim. Mas com ela o assunto era diferente. A única reparação para a sua filha seria o casamento.

Passou em revista todos os seus trunfos, antes de mandar Mary dizer a Mr. Doran que desejava falar-lhe. Tinha a certeza de que iria vencer. Ele parecia ser um rapaz sério. Se o caso tivesse acontecido com Mr. Sheridan, Mr. Meade ou Mr. Bautam, tudo seria muito mais difícil.

Mr. Doran não suportaria a publicidade. Todos os hóspedes da casa sabiam alguma coisa do assunto; e alguns haviam chegado a inventar pormenores. Para mais, ele estava empregado há treze anos num escritório de vinhos, pertencente a um negociante extremamente católico, e a publicidade do caso podia significar a perda do emprego. Pelo contrário, se Mr. Doran concordasse, tudo poderia acabar bem. Ela sabia que Mr. Doran era um pouco avarento, e suspeitava que tivesse as suas economias.

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Capa do livro Gente de Dublin
Páginas: 117
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Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 9
Capítulo 3 30
Capítulo 4 36
Capítulo 5 52
Capítulo 6 58
Capítulo 7 63
Capítulo 8 69
Capítulo 9 78
Capítulo 10 86