Contos de Mistério - Cap. 5: A NOVA CATACUMBA
(The new catacomb) Pág. 102 / 167

Doze anos atrás, tinha chegado a Roma; era então um estudante pobre; daí em diante vivera de uma modesta pensão que lhe pagava a Universidade de Bona com o objectivo de permitir-lhe entregar-se a pesquisas arqueológicas.

Penosamente, lentamente, com uma espécie de raiva e de pertinácia extraordinárias subira sucessivamente cada degrau da escada da glória, e agora, membro da Academia de Berlim, tinha o direito de esperar a nomeação próxima para uma das cátedras mais em vista de uma das universidades da Alemanha.

As necessidades prementes da vida tinham constituído para ele a alavanca que o levara ao mesmo nível do rico e brilhante inglês, mas em tudo quanto não tocava à sua ciência comum sempre ficara muito abaixo dele. Nunca os estudos lhe haviam deixado o tempo para tornar-se um homem de sociedade e se por vezes o seu rosto chegava a iluminar-se, era unicamente quando falava de temas arqueológicos que tanto lhe interessavam. Noutros momentos, mantinha-se silencioso e embaraçado, porque sentia demasiadamente limitados os seus conhecimentos sobre outros assuntos e não era daqueles que sabem falar com facilidade das banalidades que são o refugio dos que não possuem pensamentos verdadeiros para exprimir.

Todavia, desde há alguns anos, uma camaradagem, que parecia aos poucos dever transformar-se numa amizade profunda, estabelecera-se entre estes dois jovens tão diferentes entre si. A origem das suas relações era devida ao facto de que nos seus estudos ambos tinham adquirido a convicção de que eram os únicos entre os jovens da sua profissão a possuir suficiente conhecimento e entusiasmo pela sua carreira para se apreciarem reciprocamente. A comunidade de interesses e de esforços havia-os aproximado, e tinham-se sentido atraídos pela sua ciência comum.





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