Contos de Mistério - Cap. 6: BRINCANDO COM O FOGO
(Playing with the fire) Pág. 129 / 167

- Ao que é que chama mau espírito?

- A curiosidade e a inconstância.

- Pode vir daí mal?

- Muito mal.

- Que espécie de mal?

- Podem fazer surgir forças sobre as quais não têm controlo.

- Forças más?

- Forças não desenvolvidas.

- Diz que são perigosas. Perigosas para o corpo ou para o espírito?

- Por vezes para os dois.

Caiu o silêncio. A escuridão parecia mais negra, ao passo que o nevoeiro amarelo-esverdeado turbilhonava por cima da mesa.

- Há perguntas que gostaria de fazer, Moir? - perguntou Harvey Deacon.

- Uma só: rezam no vosso mundo?

- Devemos orar em todos os mundos.

- Porquê?

- Porque é o meio de conhecer as forças que estão fora de nós.

- Que religião lá praticam?

- Praticamos várias, tal como os senhores.

- Não possuem um conhecimento certo?

- Temos apenas a fé.

- Estas questões da religião - disse o francês - interessam os ingleses que são gente séria; mas não são divertidas. Parece-me que com o poder que está aqui poderíamos beneficiar de uma grande experiência, hem? De algo de que pudéssemos falar.

- Mas nada poderia ser mais interessante do que isto! - objectou Moir.

- Nesse caso, se faz questão, muito bem! - respondeu o francês num tom desagradável. - Pela minha parte, já ouvi isso antes, e parecia-me que esta noite seria melhor tentar outra coisa, graças a todo o poder que nos é dado. Mas se tiverem outras perguntas, façam-nas; quando tiverem acabado, experimentaremos outra coisa.

Infelizmente o encanto estava quebrado. Interrogámos, interrogámos sem êxito: o médium estava sentado em silêncio na sua cadeira. Só a sua respiração profunda, regular, mostrava que ali se encontrava. O nevoeiro continuava a pairar por cima da mesa.

- Destruíram a harmonia.





Os capítulos deste livro