- Ao que é que chama mau espírito?
- A curiosidade e a inconstância.
- Pode vir daí mal?
- Muito mal.
- Que espécie de mal?
- Podem fazer surgir forças sobre as quais não têm controlo.
- Forças más?
- Forças não desenvolvidas.
- Diz que são perigosas. Perigosas para o corpo ou para o espírito?
- Por vezes para os dois.
Caiu o silêncio. A escuridão parecia mais negra, ao passo que o nevoeiro amarelo-esverdeado turbilhonava por cima da mesa.
- Há perguntas que gostaria de fazer, Moir? - perguntou Harvey Deacon.
- Uma só: rezam no vosso mundo?
- Devemos orar em todos os mundos.
- Porquê?
- Porque é o meio de conhecer as forças que estão fora de nós.
- Que religião lá praticam?
- Praticamos várias, tal como os senhores.
- Não possuem um conhecimento certo?
- Temos apenas a fé.
- Estas questões da religião - disse o francês - interessam os ingleses que são gente séria; mas não são divertidas. Parece-me que com o poder que está aqui poderíamos beneficiar de uma grande experiência, hem? De algo de que pudéssemos falar.
- Mas nada poderia ser mais interessante do que isto! - objectou Moir.
- Nesse caso, se faz questão, muito bem! - respondeu o francês num tom desagradável. - Pela minha parte, já ouvi isso antes, e parecia-me que esta noite seria melhor tentar outra coisa, graças a todo o poder que nos é dado. Mas se tiverem outras perguntas, façam-nas; quando tiverem acabado, experimentaremos outra coisa.
Infelizmente o encanto estava quebrado. Interrogámos, interrogámos sem êxito: o médium estava sentado em silêncio na sua cadeira. Só a sua respiração profunda, regular, mostrava que ali se encontrava. O nevoeiro continuava a pairar por cima da mesa.
- Destruíram a harmonia.