Ela não quer responder.
- Mas já soubemos tudo o que ela pode dizer-nos, hem? Pela minha parte, desejaria ver algo que nunca tivesse visto.
- O quê, então?
- Importa-se de deixar-me experimentar?
- Que gostaria de fazer?
- Disse-lhe que os pensamentos eram coisas, objectos.
Agora quero provar-lho e mostrar-lhe o que não passa de um pensamento. Sim, posso fazê-lo e vai ver. Por agora peço-lhes que se conservem tranquilos e que nada digam, e mesmo que mantenham as mãos em descanso sobre a mesa.
A sala estava mais escura, mais silenciosa do que nunca.
O mesmo sentimento de apreensão que sobre mim pesara no início da sessão esmagava-me novamente o coração. Tinha formigueiros na raiz dos cabelos.
- Está a resultar! - exclamou o francês.
O nevoeiro luminoso desviou-se lentamente para o lado da mesa; continuou a adejar ondulando através do estúdio. Dirigiu-se para o canto mais escuro onde se amontoou ganhando brilho; em breve endureceu numa espécie de núcleo luminoso e claro, numa mancha fugidia de irradiação que não iluminava e que não difundia raios na obscuridade. A sua cor passara do amarelo-esverdeado para um vermelho baço algo bistre. À volta deste núcleo enrolava-se uma substância sombria e fumegante, que se espessava e se tornava cada vez mais densa e negra. E depois o clarão extinguiu-se, como se sufocado pelo que o cercava.
- Partiu.
- Caluda! Há qualquer coisa na sala.
Esta qualquer coisa ouvimo-la no canto para onde o clarão se tinha deslocado. Qualquer coisa que respirava e se agitava.
- O que é? Le Duc, que fez o senhor?
A voz do francês tremia de enervamento.
- Meu Deus, Moir, há um animal enorme na sala. Está encostado à minha cadeira! Saia daqui! Saia daqui!
Era a voz de Harvey Deacon; depois ouvimos o ruído de uma pancada que atingia um objecto duro.