Contos de Mistério - Cap. 7: O BOIÃO DE CAVIAR
(The pot of caviare) Pág. 144 / 167

"Entrego a sorte deles nas suas mãos", diziam claramente. E o professor respondeu com um sorriso triste.

A tarde inteira decorreu sem que os Boxers fizessem o seu último ataque. Para o coronel Dresler, esta inacção pouco habitual significava que reuniam as forças e se concentravam tendo em vista o inevitável e decisivo assalto. Pelo contrário, para o resto da guarnição, o cerco estava terminado, as perdas sofridas pelo inimigo reduziam-no à impotência. Assim, chegada a hora do jantar, instalaram-se alegre e ruidosamente à volta da mesa. Desrolharam três garrafas de Lacryma Christi, abriram o famoso boião de caviar. Era um grande boião; e que não ficou vazio quando cada qual recebeu a sua parte, uma colher cheia. Ralston, na sua qualidade de epicúrio, teve direito a ração dupla. Debicava o caviar à maneira de um pássaro voraz. Ainslie serviu-se outra vez. O professor atribuiu a si próprio uma grande colherada. O coronel Dresler, que o observava de perto, fez o mesmo. As senhoras comeram copiosamente, à excepção da bonita Miss Patterson, que detestava aquele gosto picante e salgado; apesar da amável insistência do professor, mal tocou num cantinho do seu prato.

- O meu pequeno mimo não tem a sorte de agradar-lhe - disse-lhe ele. - É um desapontamento para mim, que o reservava na esperança de ser-lhe agradável. Peço-lhe que coma do meu caviar.

- Nunca apreciei o caviar - respondeu ela. - Talvez venha a gostar com o tempo.

- É preciso começar. Por que não empreender imediatamente a educação do seu gosto? Sou eu que lho peço!

O rosto encantador da jovem iluminou-se com um radioso e pueril sorriso.

- Mas que pressa! Não o sabia tão galante, professor Mercer! Se não como do seu caviar, nem por isso lhe fico menos reconhecida.





Os capítulos deste livro