Contos de Mistério - Cap. 3: O SOLAR ASSOMBRADO DE GORESTHORPE
(The haunted grange of Goresthorpe) Pág. 68 / 167

Apressei-me a reconhecer que nesta circunstância Jack se desempenhara perfeitamente da sua incumbência e que era muito justo passar-lhe uma encomenda - com a comissão habitual - para um fantasma de família, se era coisa que pudesse arranjar-se.

Um dos meus princípios é agir prontamente uma vez tomada a decisão. No dia seguinte, ao meio-dia, puderam ver-me subir a escada de pedra em espiral que conduz ao alojamento de Mr. Brocket, e onde admirei as flechas e os dedos que se sucediam na parede caiada, e que concorriam para indicar o santuário deste cavalheiro.

Aconteceu que auxílios artificiais deste género não foram necessários, porque o barulho de um cancã muitíssimo animado que estavam a dançar por cima de mim só podia provir dali, se bem que cedesse o lugar a um silêncio de morte, enquanto eu procurava o meu caminho às apalpadelas na escada.

A porta foi aberta por um rapaz novo que ficou evidentemente espantado por ver aparecer um cliente, e fui levado à presença do meu jovem amigo, que escrevia com um ardor furioso num grande registo, disposto de pernas para o ar, tal como me apercebi mais tarde.

Após os primeiros cumprimentos, lancei-me bruscamente na explicação do assunto.

- Vejamos, Jack - disse. - É preciso que me arranje um espírito, se isso lhe for possível.

- Espirituoso, quer o senhor dizer? - exclamou o primo da minha mulher, ao mesmo tempo que mergulhava a mão no cesto dos papéis e tirava de lá uma garrafa, com a celeridade de um prestidigitador. - Vamos beber um copo!

Ergui a mão em sinal de protesto mudo contra uma tal conduta, a uma hora tão pouco avançada do dia, mas ao baixá-la, aconteceu que tinha, sem querer, fechado os dedos sobre o copo que o meu conselheiro me entregara. Apressei-me a esvaziá-lo, com medo de que alguém entrasse imprevistamente e me tomasse por um bebedor.





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