Afinal, sempre havia algo de divertido nas excentricidades do jovem rapagão.
- Não, nada de espirituosos - expliquei a sorrir -, uma aparição, um fantasma. Se fosse possível arranjar um objecto deste género, pediria logo para entrar em negociações.
- Um fantasma para o Solar de Goresthorpe? - perguntou Mr. Brocket, com tanto sangue-frio como se eu tivesse encomendado uma mobília de salão.
- É isso mesmo.
- É a coisa mais fácil do mundo - disse o meu interlocutor, voltando a encher-me o copo, apesar dos meus protestos. - Vejamos...
Pegou num caderninho vermelho, em cujo sumário apareciam todas as letras do alfabeto.
- Disse, então, um fantasma. Isso começa por F... Falência... Falsificações... Fachadas... Fuzis... Ah!, cá temos: Fantasmas. Volume nove, secção seis, página quarenta e um. Queira desculpar-me.
E Jack, servindo-se de um estrado, pôs-se a remexer num montão de registos colocados numa prateleira.
Estive quase a despejar no escarrado r o conteúdo do meu copo, enquanto ele virava as costas, mas um segundo movimento decidiu-me a dar-lhe a direcção normal.
- Cá estamos - exclamou o meu rapagão, saltando ruidosamente do estrado e depositando na mesa um enorme volume manuscrito. - Dispus todos estes objectos por ordem alfabética, de maneira a tê-los à mão imediatamente. Está muito bem... Não sobe à cabeça.
E dito isto, encheu de novo os nossos copos. - Então do que é que andávamos à procura?
- De fantasmas - sugeri.
- Naturalmente, página quarenta e um, cá estamos:
"J. H. Fowler e filho, Dunkel Street, fornecedores de médiuns para a nobreza e a boa sociedade; vendem encantamentos, filtros do amor, múmias, horóscopos." Em tudo isto não há nada que satisfaça o seu caso, pois não?
Meneei a cabeça com um ar desencorajado.