Também lá estaria representado Caro, filho de Dédalo, se a dor e a saudade não tivessem paralisado a mão do pai artista. Duas vezes tentara ferir o bronze com o martelo para esculpir a cena da queda, mas duas vezes lhe faltaram as forças.
Enquanto Eneias observava as esculturas ali gravadas por mão de mestre, chegou Acates, seu companheiro, que fora mandado chamar por Sibila. Vinha acompanhado por Deífobe, filha de Glauco e sacerdotisa de Apolo e de Diana.
— Não é hora — disse a piedosa donzela — de admirar odiosamente essas figuras, por mais maravilhosas que sejam. Vem, que é tempo de realizar os sagrados sacrifícios. Oferecei a Apolo sete toucinhos e outras tantas ovelhas escolhidas.
Assim falando, conduziu Eneias para dentro do templo. Ao lado deste e cavada na própria rocha, havia uma enorme caverna de cem bocas de onde saiam as respostas da Sibila. Já se estavam a aproximar da porta, que era uma daquelas passagens, quando Deífobe observou:
— Agora procura as respostas do oráculo.
Ao pronunciar estas palavras, empalideceu-lhe subitamente o rosto, o coração batia apressado e a respiração saia-lhe do peito em estertores arquejantes. Como que bafejada pelo espírito do deus que se avizinhava, a sua voz assumiu uma tonalidade fantasmagórica:
— Porque demoras, Eneias, a fazer os teus rogos e preces às divindades? Antes disso, a Sibila não te revelará o destino.