Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 
> > > Página 116

Capítulo 6: Eneias no Mundo das Sombras

Página 116

O filho de Príamo respondeu com estas palavras:

— Ó caro Eneias, cumpriste o teu dever de amigo e agradeço-te. O que vês no meu rosto e no meu corpo, fizeram-mo muitos gregos — entre dás Aquiles e Menelau — reunidos em volta do meu leito, quando eu, depois dos fatigantes trabalhos do dia em que se levou o cavalo traiçoeiro para dentro da cidadela, tirava um merecido um repouso. Saibas também que as portas se lhes foram abertas pela vil Helena, que dessa maneira procurava aplacar a ira do marido para o facto de ter fugido com Páris. Ela mesma, depois de eu ter adormecido, retirou da casa todas as armas, inclusive a minha fiel espada pendurada à minha cabeceira. Mas vamos, diz-me, que acontecimentos te trouxeram vivo a este lugar? Porventura vens trazido pelos erros do mar ou pelos conselhos dos deuses?

Enquanto assim conversavam, a aurora, com as suas quadrigas douradas, ia já a meio do seu curso. Se continuasse, todo o dia se escoaria. Admoesto-lhe então a Sibila:

— Ó Eneias, a tarde vai avançando e estamos a chorar. Aqui há uma bifurcação: o caminho à direita vai dar às muralhas do grande Plutão e aos Campos Elísios, mas o da esquerda conduz ao horrível Tártaro, onde são punidos os maus.

Deífobo então respondeu-lhe:

— Ó grande sacerdotisa, não te irrites. Afastar-me-ei para recolher-me às trevas. Vai, Eneias, e segue melhores destinos.

Subitamente, o herói troiano olhou para trás e viu no sopé de um penhasco, à esquerda, um grande castelo cercado por um muro tríplice e circundado pelo rio de fogo chamado Flagelante, que corria em leito de pedra. Barravam a passagem enormes portões de ferro presas a grossos pilares de diamante, tão poderosos que nenhum mortal — e mesmo poucos filhos dos deuses — os poderiam derrubar. Lá, numa altíssima torre de ferro, estava sentada uma Fúria, Tisífone, com as vestes ensanguentadas, em vigília permanente e de guarda à entrada, noite e dia. Dali, Eneias ouvia partir ruídos de arrastar de cadeiras, de açoites selvagens, de gritos alucinantes e de gemidos. Parou, aterrado, com a face pálida como a cal.

<< Página Anterior

pág. 116 (Capítulo 6)

Página Seguinte >>

Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 116

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215