Assim dizendo, verteu sobre a mesa a taça de vinho bebendo em seguida. Ofereceu-a depois a Birias, aconselhando-o a beber. Ele, sequioso, fez esgotar a taça espumante. Depois, os outros chefes fizeram o mesmo. Enquanto isso, Iopas, de longos cabelos, tocava a lira dourada, entoando as canções que o célebre Atlas lhe ensinara. Cantava a Lua errante e os eclipses do Sol; a origem dos homens e dos animais, da chuva e do fogo; louvava a estrela Arturo, as Hiades chuvosas, os dois triões e as duas Ursas; explicava por que os sóis de Inverno se apressam tanto a mergulhar no oceano e por que há noites tão compridas. Os cartagineses aplaudiam-no ruidosamente e os troianos imitavam-nos.
Dido, sorvendo grandes goles do amor, prolongava a noite, fazendo muitas perguntas a Eneias sobre Príamo e o valente Heitor e sobre Diomedes, o filho de Tideu, sobre quão forte era Aquiles e sobre a sua armadura feita por Vulcano, ferreiro imortal dos deuses. Por fim, disse:
— Conta-me, Eneias, desde a primeira origem, as ciladas dos gregos e as tristezas dos teus. Fala-me das tuas peregrinações, pois já sete sóis são passados desde que partistes de Tróia.