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Capítulo 4: Eneias e Dido

Página 70

Dido voltou-se, porém, para sua irmã Ana e dirigiu-lhe estas palavras, escondendo as suas intenções:

— Encontrei, ó irmã, um caminho — alegra-te comigo — que, ou me restituirá o meu Eneias, ou me separará dele. Perto do termo do oceano e do ocaso do Sol está o país distante dos etíopes, onde o poderoso Atlas gira o mundo, marchetado de estrelas nos ombros. Há lá uma sacerdotisa da nação de Massilia, guarda do templo das Hespérides, as ninfas da noite, órfãs de pai. Era ela que dava alimento ao dragão e vigiava o ramo sagrado, derramando sobre ele mel e sementes de papoula. Os seus sortilégios podem libertar o amor do coração de quem o deseje, podem secar a torrente dos rios, inverter a marcha das estrelas e acordar os fantasmas nocturnos. A terra geme à sua passagem e as árvores estremecem quando ela percorre a encosta da montanha. Revelou-me ela como praticar tais artes e livrar-me do meu sofrimento, mas juro aos céus, querida irmã, que convoco essas mágicas contra a minha vontade. Peço-te, portanto, cara Ana, que faças construir uma pira no pátio interno, ao ar livre, e coloques sobre ela as armas que o infiel deixou na minha alcova, como também as suas tónicas e vestes e por último o leito nupcial, pois desejo destruir tudo o que possa lembrar-me aquele homem abominável Foi assim que a sacerdotisa de Massília me disse que fizesse.

Tão bem escondeu Dido as suas verdadeiras intenções, que Ana não desconfiou dos planos fatídicos da irmã, julgando que as instruções estranhas que a rainha lhe dera eram fruto da sua grande dor, tal qual ocorrera com ela mesma, depois da morte de seu marido Siquém.

Pronta a enorme pira, feita de pedaços de pinho e carvalho, a rainha adornou o local com grinaldas e coroas de flores e ramos. Sobre a pira, estava a cama onde foram colocadas a armadura, a espada e as roupas de Eneias, bem como uma estatueta que o representava. Em volta, arrumaram-se os altares e Dido, cabelos soltos, oficiou os ritos sagrados como sacerdotisa. Clamou alto três vezes, pelos cem deuses, por Érebro e Caos, pela Trlplice Hécare, pelo espírito dos mortos e, acima de tudo, por Diana, a deusa radiante da caça.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 70

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215