A omnipotente Juno, compadecida da sua prolongada dor e da agonia da infeliz rainha, mandou a deusa Íris para soltar o espírito em luta, da carne que o prendia. Rápida como um raio de luz, voou a mensageira com mil cores reflectidas à luz do Sol poente, nas suas penas orvalhadas. Aproximando-se da rainha, a deusa colocou a sua boca no real ouvido, pálido, e sussurrou:
— Leva esta oferenda a Prosérpina, a deusa escusa dos Mundos das Sombras, e liberto o teu espírito.
Depois, cortou um cacho dourado dos cabelos de Dido. E foi então que todo o calor desapareceu daquele corpo lindo e que a sua alma torturada se dissipou nos ventos.