—
E em luz pálida as faces lhe banhava:
E talvez neste raio o Pai celeste
Da pátria eterna lhe enviava a imagem,
Que o sorriso dos lábios lhe fugia,
Como se um sonho de ventura e glória
Na Terra de antemão o consolasse.
E eu comparei o solitário obscuro
Ao inquieto filho das cidades:
Comparei o deserto silencioso
Ao perpétuo ruído que sussurra
Pelos palácios do abastado e nobre,
Pelos paços dos reis; e condoí-me
Do cortesão soberbo, que só cura
De honras, haveres, glória, que se compram
Com maldições e perenal remorso.
Glória! A sua qual é? Pelas campinas,
Cobertas de cadáveres, regadas
De negro sangue, ele segou seus louros;
Louros que vão cingir-lhe a fronte altiva
Ao som do choro da viúva e do órfão;
Ou, dos sustos senhor, em seu delírio
Os homens, seu irmãos, flagela e oprime.